Civilização do açúcar

História do Brasil,

Civilização do açúcar

A trajetória econômica do Brasil é toda dividida em ciclos, desde a época do descobrimento. Tivemos o ciclo do Pau-Brasil, metais preciosos, açúcar, café. O ciclo da cana-de-açúcar foi um dos mais importantes e emblemáticos. Mas quais foram os fatores que possibilitaram? Como aconteceu? Quem trabalhava na produção açucareira? Veja essas e outras informações agora!

No momento em que esse ciclo estava sendo vivenciado, podemos dizer que o Brasil era a civilização do açúcar. Esse termo é válido porque indica que não apenas a economia estava fortemente ligada a esse produto, mas também a vida social e política do país como um todo.

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Civilização do açúcar: contexto geral

O ciclo do açúcar ainda faz parte do Brasil colonial, porque aconteceu predominantemente antes da Independência, do século XVI até meados do século XVIII. A maior parte da produção acontecia nos engenhos do Nordeste e era destinada para a exportação.

Antes de tudo, é importante entender que o açúcar sempre teve muito valor para os europeus. Era uma das especiarias buscadas no Oriente desde a Idade Média, por isso, era um negócio extremamente lucrativo. Os portugueses sabiam disso, tanto é que já no século XV levaram a cana para a ilha da Madeira e começaram a produzir lá, o que barateou o custo e popularizou o açúcar.

Aqui no Brasil, a produção do açúcar teve início na década de 1530, quando a expedição de Martim Afonso de Sousa trouxe as primeiras mudas de cana. Aliás, a expedição dele foi a que deu início ao processo de colonização de fato, como forma de defender o litoral de possíveis invasões estrangeiras. Do ano do descobrimento (1500) até aquele momento, Portugal praticamente não tinha agido no território brasileiro.

A ideia de produzir açúcar no Brasil tinha vários fundamentos: o clima era adequado, o solo também e seria possível lucrar muito, especialmente por conta da mão-de-obra escrava. O negócio perfeito para a Coroa Portuguesa. Foi assim que o primeiro engenho foi erguido na colônia de São Vicente, onde hoje fica o estado de São Paulo.

As principais características da sociedade que se formou no território brasileiro nessa época eram:

• Os engenhos eram as principais unidades de produção açucareira;

• Mão-de-obra escrava, especialmente africana, usada em larga escala, em todas as etapas produtivas. As mulheres eram empregadas também em tarefas domésticas;

• Grandes latifúndios, principalmente no Nordeste;

• Sociedade patriarcal;

• Senhores de engenho detinham o poder econômico e político;

• Sociedade estratificada (aristocracia rural, homens livres e escravos);

• Comércio de escravos se tornou uma atividade lucrativa;

A estrutura dos engenhos costumava seguir certo padrão: havia a casa-grande, onde o senhor de engenho vivia com a sua família; a senzala era onde os negros ficavam alojados; na capela eram celebrados os rituais religiosos e também servia como ponto para encontros sociais; a moenda era o local onde a cana era moída.

O feitor era um homem livre que trabalhava no engenho, supervisionando o trabalho dos negros. Tinha autorização do senhor para aplicar castigos físicos severos aos escravos.

Os engenhos foram se expandindo e, conforme já mencionado, tiveram sucesso principalmente no Nordeste brasileiro.
Aliás, sucesso tão grande que chamou a atenção dos holandeses.

Decadência da civilização do açúcar

Os holandeses invadiram o território brasileiro duas vezes. A primeira delas foi em 1624, em Salvador, mas durou apenas um ano e logo foram expulsos pelos portugueses. Depois, em 1630, eles voltaram, tomaram Pernambuco e ficaram no Nordeste por 15 anos.

Durante o domínio holandês, o objetivo era controlar toda a produção e venda de açúcar, que afinal estava se mostrando um negócio muito rentável. Para isso, os holandeses trouxeram grandes benefícios em termos de infraestrutura para o Nordeste, especialmente a partir de 1637, com a chegada do Conde Maurício de Nassau.

No ano de 1645, após várias tentativas, finalmente os holandeses foram expulsos do Brasil pelos colonos apoiados pelos portugueses e ingleses. No entanto, ao saírem daqui, eles foram para a região das Antilhas levando toda a tecnologia e o conhecimento que haviam adquirido em relação à produção do açúcar. Eles conseguiam vender o produto para a Europa por um preço mais baixo, por isso, acabaram se tornando grandes concorrentes.

Foi isso que levou ao declínio do ciclo açucareiro. Os portugueses tiveram que buscar outra alternativa, porque já não iam mais conseguir lucrar tanto com o açúcar. A crise se tornou mais intensa em meados do século XVIII e foi a partir disso que as atenções começaram a se voltar para a exploração do ouro nas Minas Gerais. Nesse momento o sudeste também ganhou mais importância, tanto que a capital brasileira foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, mais um símbolo da decadência dos engenhos.

Uma curiosidade: no início da civilização açucareira, era usada mão-de-obra escrava dos índios. No entanto, os padres jesuítas se opunham a isso. Foi uma das razões que levou à escravização dos africanos.