Internetês
Nos dias atuais a internet está tão presente em nossa vida que fica cada vez mais difícil se desvencilhar dessa cultura online. Em resposta a essa nova ordem criamos uma maneira muito própria de se comunicar, e mesmo, de expressar nossas emoções e é exatamente sobre isso que iremos falar hoje.
Classificado como um neologismo, internetês quer dizer linguagem utilizada no “meio online” mais do que óbvio não é mesmo? O que não parece assim tão natural é que essa maneira de se expressar seja classificada como português. Esse artigo tem a função de explicar, mesmo que de maneira rasa, essa nova cultura. Vamos lá?
Tá errado?
Certamente não foi uma, nem duas vezes, que você se deparou com as seguintes expressões: “kkkkk” / “rsrsrsrs” / “HAHAHAH”; tais repetições de letras têm como função demonstrar o som de uma risada. Palavras que utilizam a letra “x”, ou mesmo, “k” também foram bem populares uma época, por exemplo: “xau” que significa “tchau”; “ksa” que é a mesma coisa que “casa”, e assim por diante.
Imagino que até agora você deva ter percebido que abreviar é a palavra de ordem no mundo online. Vamos a mais alguns exemplos: “blz” = “beleza” / “fla” = “fala” / “abç” = “abraço”; e uma infinidade de outras convenções criadas com o propósito de facilitar a comunicação.
Ah, é claro, não podemos nos esquecer dos já queridinhos e tão utilizados “emoticons”, simpáticos rostos amarelos que tem a função de demonstrar as diferentes emoções que o ser humano pode sentir.
Mas, será que isso está errado, ou, não passa de uma tentativa de agilizar a transmissão de informações? É o que o próximo tópico vai tentar explicar.
Na teoria…
Como é de se imaginar essa nova maneira de se expressar divide opiniões, enquanto para muitos não passa de uma “inocente abreviação” aliada a um novo estilo de pontuação e acentuação; para outros é quase uma “heresia”, um verdadeiro descaso com a língua portuguesa.
No internetês pode-se dizer que a fonética é privilegiada em razão da etimologia. Não entendeu nada? Calma, primeiro vamos recordar o que é fonética. Nesse mesmo site você encontrará diversos artigos sobre linguística, e em um deles explicamos que fonética nada mais é do que um ramo da linguística que está ligado ao estudo dos sons produzidos pela fala. Já a etimologia é a parte da linguística responsável pelo “estudo gramatical” da origem do significado das palavras.
Sendo assim, podemos concluir que nessa nova maneira de se expressar o som das palavras acaba se sobrepondo ao seu real significado.
Diversas literaturas afirmam que o internetês é mais forte entre os jovens, nicho onde surgiu devido, principalmente, as redes sociais. O objetivo, de acordo com especialistas em língua portuguesa, é criar um tipo de comunicação dinâmica e eficiente, por esse motivo alguns estudiosos da área defendem o internetês.
Porém há divergências, outros especialistas defendem a não utilização desse tipo de linguagem por acreditar que todo aprendizado no campo da escrita depende da chamada memória visual. Por exemplo, sabe quando você não consegue lembrar como é determinada palavra e então a escreve com o objetivo de recordar a grafia? Pois então, é exatamente isso. Logo, se continuarmos a escrever de maneira abreviada há a possibilidade de adotarmos esse estilo de escrita no dia a dia o que poderá ocasionar sérios problemas.
Então, isso é um problema?
Certamente a essa altura do campeonato você deve estar se perguntando: mas então, eu devo parar de usar o internetês?
Como já mencionado no tópico anterior há duas correntes: uma que não tolera essa nova forma de comunicação e, inclusive, acredita que ela influencia os jovens a escreverem errado; e outra que até defende o internetês como um tipo de “avanço” na comunicação.
Pense o seguinte: há séculos a língua portuguesa vem sofrendo transformações e, inclusive, abreviando palavras. Lembra-se do “vossemecê” que se transformou em “vosmecê” e por fim no “você”? Pois bem, é mais ou menos isso.
Uma solução que já foi apontada por alguns especialistas em educação é inserir o internetês nas escolas, nas aulas de língua portuguesa, por exemplo, assim seria possível discutir o tema a partir de uma visão mais teórica e conceitual. Mas vale lembrar nada de preconceito, afinal é bom se acostumar, pois parece que o internetês não pretende ir embora tão cedo.
Concluindo
Para finalizar a discussão não podemos dizer que essa nova maneira de se expressar é errada, afinal, não se pode exigir que em uma conversa informal na internet estejamos atentos a todas as regras gramaticais e a norma culta, afinal, não há necessidade disso.
Contudo, é claro que as abreviações e a maneira dinâmica de escrever que utilizamos na internet não é aconselhada para se escrever em provas, currículos, ou qualquer outro documento importante, caso contrário você estará cometendo graves erros de ortografia e acentuação.