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Cinturão de Kuiper

Dentro do universo astrofísico, existem vários conceitos que são vistos e revistos periodicamente. Alguns termos são utilizados durante tanto tempo que acabam se tornando verdades universais, o que não é bom, por causar a estagnação conceitual, que impede novas resoluções. Porém, existem vários conteúdos que são revistos periodicamente, levando a mudança de informações importantes do curso dos estudos e de como eles são encarados.

Uma das mais importantes mudanças que aconteceram no século XX tem a ver com o Cinturão de Kuiper. Embora não tenha sido uma proposta tão reconhecida a princípio, ela se tornou fruto de resultados impressionantes no século seguinte, mudando inclusive os livros de física do mundo todo. Mas para entender a relevância do Cinturão de Kuiper, precisamos recuar um pouco no tempo e voltar a outros conceitos da física.

O sistema solar: cometas, planetas e o sol

Tudo começa com a nossa concepção de planetas e objetos que compõem o sistema solar. Para a astrofísica, o sistema solar é feito do sol, de 8 planetas (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno), de planetas anões (Plutão, Ceres, Eris, Makemake e Haumea) e de pequenos corpos, todos sujeitos ao efeito gravitacional da estrela satélite, no caso, o sol.

A partir deste conceito, cientistas do mundo inteiro criaram teorias, comprovaram casos e especularam muito sobre o que haveria além do sistema solar. Desta forma, surgiu uma questão importante a respeito do universo: de onde viriam os astros que entram no sistema solar e permanecem nele durante muitos anos? E para responder isso, Jan Hendrik Oort criou a teoria da Nuvem de Oort

A Nuvem de Oort

Basicamente, o que Jan Hendrik Oort teorizou no ano de 1950 é que os cometas de longo período, aqueles que têm vida maior do que 200 anos, viriam de um lugar muito mais distante do sol, nos limites do sistema solar. A distância estipulada por Oort foi de 30.000 a 60.000 UA (Unidades Astronômicas, medida utilizada na física que equivale à distância entre o Sol e a Terra, distância essa de 149.597.870 km), e este espaço, por falta de conhecimento sobre o que de fato haveria em toda sua abrangência, foi denominado apenas como nuvem, que poderia trazer vários outros objetos para o sistema solar. Assim, foi criada a Nuvem de Oort.

Entre estes objetos que estariam no sistema solar, os principais seriam então os cometas de curto período. Para os cientistas, estes cometas seriam, na verdade, cometas de longo período com sua órbita modificada de acordo com a ação gravitacional de algum planeta que ele passou próximo. Esta ideia ganhou grande popularidade em um curto período de tempo. Mas, logo em seguida, as impressões sobre a origem dos cometas de curto período também mudaram. Dessa vez, sob influência de outro cientista: Gerard Peter Kuiper.

O Cinturão de Kuiper

Em 1951, apenas 1 ano após a proposta de Oort, Gerard Kuiper propôs uma nova hipótese sobre os cometas de curto período: para ele, estes cometas teriam uma origem muito mais próxima do Sol, a uma distância entre 30 e 100 UA. Por estar mais próximo do Sol, estes objetos estariam sujeitos a atividades gravitacionais semelhantes à órbita dos planetas e, mais especificamente, elas começariam a ter suas origens próximas à órbita de Netuno, o último planeta do sistema solar.

A princípio, esta teoria não teve tanta importância a nível universal, mas dentro do universo astrofísico, isso foi importante por colocar um parâmetro mais tangível da origem dos satélites, cometas e demais poeiras espaciais que transitam no sistema solar. Com isso, o Cinturão de Kuiper, junto à Nuvem de Oort, deram explicações relevantes sobre as mudanças do universo, como os objetos se movem nele e quais as possíveis rotas que eles poderiam ter. Porém, ainda faltava a comprovação de tais teorias.

Importância para o mundo

A partir dos anos 90, com o avanço da tecnologia e da capacidade de fotografar objetos no sistema solar, passamos a identificar vários objetos dentro da região estipulada como o Cinturão de Kuiper. Com isso, passou a se tornar cada vez mais comprovada as ideias propostas tanto por ele quanto por seu contemporâneo Oort, sendo que, com isso, passaram a ter novas informações relevantes no plano de estudos astrofísicos.

Chegamos ao século XXI com mais de 800 objetos diferentes descobertos no Cinturão de Kuiper. Entre estes objetos, foi descoberto algo com massa maior do que Plutão: Eris. Apesar dos efeitos orbitais e de estar no sistema solar, os cientistas não queriam mais considerar Eris um planeta, já que sua massa era pequena demais e a grande quantidade de gases em sua superfície deixariam de possibilitar que ela tivesse satélites ao seu redor. A solução encontrada foi a exclusão de Plutão como planeta, sendo que eles, Eris e Ceres – descoberto posteriormente – foram considerados planetas anões, por ter massa maior que a maioria dos outros objetos espaciais, ter uma órbita definida ao redor do Sol, mas ainda assim não terem satélites.

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