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Emprego e desemprego

Ao longo de sua história, o desenvolvimento do capitalismo trouxe para a esfera da produção industrial uma importante mudança de paradigmas que foi, essencialmente, a grande responsável por causar um impacto social capaz de reorganizar as estruturas da sociedade: a mão-de-obra empregada na economia da maior parte dos países europeus, até então, era sustentada pelo sistema de escravidão (ou seja: as colônias europeias presentes na África, na América e na Ásia supriam tanto a demanda por matéria-prima quanto por mão-de-obra desses países).

Com o advento do sistema comercial capitalista que desembocou, com o passar do tempo, na chamada Revolução Industrial, a necessidade de uma mão-de-obra que fosse, ao mesmo tempo, responsável pela produção e pelo consumo de todos esses produtos que começava a ser produzidos em escalas industriais tornou-se essencial para sustentar esse modo de produção.

Ao mesmo tempo em que, como enunciava o pensador alemão Karl Marx em sua grande obra icônica, “O Capital”, a exploração desse índice chamado de “mais valia” é a responsável por criar a riqueza do capitalista, a necessidade do trabalho para quem depende dele é uma verdade incontestável. Nesse sentido, a relação existente entre o capitalista, isto é, o proprietário dos meios de produção, e o operário, ou seja, aquele que opera tais meios de produção e emprega sua força de trabalho nesse processo, é uma relação bastante promíscua e contraditória. Um não existe sem o outro, um depende do outro, mas certamente um deles é explorado enquanto o outro é o responsável por instituir essa exploração. Nesse sentido, podemos depreender ainda uma outra perspectiva de análise: o capitalista é responsável por fornecer o emprego, ou seja, é ele quem media a relação de oferta desse emprego, que oferece ao trabalhador a possibilidade que ele coloque à venda a sua energia vital, a sua capacidade de trabalhar, de operar as máquinas que não são suas. Guardemos essa informação, pois vamos voltar à ela mais adiante.

Emprego e desemprego: relações modulares de afetação

Para a Geografia econômica, o conceito de emprego está intimamente associado ao desempenho de uma função trabalhista que, em seu bojo, está atrelado a uma condição referente ao modo como as pessoas que trabalham desempenham essa função, isto é, se o trabalho é feito em caráter temporário ou permanente. Também é levado em consideração o envolvimento dessas pessoas em questão com qualquer tipo de atividade econômica. Isso quer dizer que, no atual modelo de desenvolvimento da economia informal, principalmente no contexto geopolítico pós-ascensão do neoliberalismo, a existência de um emprego não precisa estar mais necessariamente atrelada à ideia de que existe também alguém que empregue. Um camelô, por exemplo, tem um emprego, ao passo em que ele mesmo é o seu próprio patrão.

No caso de seu complementar dialético, o desemprego, a situação já muda de figura quando levamos em consideração o que a Geografia econômica nos tem a dizer a seu respeito. Isso porque o desemprego é um fenômeno que tem em sua essência uma causa. Isto é: se o emprego acontece e se dá mediante uma prática (o trabalhador trabalha, e desempenha sua função), o desemprego, pelo contrário, quando acontece é devido a uma situação específica, uma conjuntura, uma escolha econômica, etc… Daí os seus diferentes tipos de classificação, que mudam diante dos seus aspectos principais.

Os tipos de desemprego

O chamado “Desemprego estrutural” é um tipo de desemprego bastante característico dos países subdesenvolvidos, também conhecidos como “países de capitalismo pouco desenvolvido”. Esse tipo está especificamente ligado à algumas particularidades bastante presentes na intrínsecas na economia desses países, como o fato de que existe um excesso de mão-de-obra empregada substancialmente em atividades agrárias e pecuárias, ou simplesmente atividades que estão ligadas a esse setor em sua essência. Além disso, falta de equipamentos de base, possíveis fomentadores de um desenvolvimento industrial mais acentuado, incide em uma necessária queda nos empregos.

Já o chamado “Desemprego conjuntural” ou “desemprego cíclico” é, como o próprio nome diz, decorrente de uma determinada conjuntura que impacta sobre aquela situação. É um tipo de desemprego característico de momentos de queda econômica, de crise empresarial, depressão, enfim, quando há também algum tipo de retração dos créditos fornecidos pelos bancos e que sempre acabam por impactar significativamente a economia. Nesse sentido, quando esse tipo de situação acontece, ocorre também uma queda significante no consumo, desestimulando de maneira significativa o poder de compra da população de um modo geral.

O “Desemprego tecnológico”, por sua vez, é típico dos chamados “países desenvolvidos” ou, também conhecidos como “países de capitalismo avançado”. Como o próprio nome já nos diz, ele resulta da substituição do trabalho humano pela maquinaria produtiva. Esse tipo de desemprego incide necessariamente sobre uma maior procura de trabalhadores especializados, que estejam habilitados a operar máquinas e equipamentos desenvolvidos, e, na medida em que isso acontece, ocorre um queda vertiginosa dos trabalhados considerados mais “braçais”.

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