Polarização Mundial, Paises Ricos (Desenvolvidos) e Pobres (Subdesenvolvidos)
Até o final da Guerra Fria convencionava-se dividir os países em três grandes blocos: capitalistas, socialistas e subdesenvolvidos.
Essa divisão trazia, em si, algumas contradições, uma vez que muitos países da chamada cortina de ferro viviam realidades próximas, do ponto de vista econômico, de muitos países do Terceiro Mundo, grupo dos países subdesenvolvidos. Além do que os países do Terceiro Mundo eram, ressalvadas as devidas peculiaridades, de orientação capitalista.
Com a queda do Muro de Berlim, o desmoronamento da chamada Cortina de Ferro e o colapso do projeto socialista, no final do século XX, o mundo se desdobrou em diversas tendências. Entre essas tendências há uma que é convergente: o capitalismo. Não o capitalismo como modelo político, mas como modelo econômico.
Um dos grandes players econômicos do século XXI é a China, um gigante territorial, que vive a revolução comunista meio que ao contrário. Depois de a partir de 1949 tentar implementar a sociedade comunista, desprezando o plano de estágios pregado por Karl Marx, faz o caminho contrário, responsável por originar um capitalismo de Estado, governado por um partido comunista. O Estado é o indutor estratégico e participa como player na economia, chegando as empresas estatais a participarem com 25% da produção industrial do país.
O caso da China, atualmente segunda maior economia do mundo, é um desdobramento dos fenômenos políticos e econômicos que se fizeram notar após o fim da Guerra Fria. Apesar de ser a segunda maior economia do mundo, a China tem apenas o 72º PIB per capita. Em outras palavras, o desenvolvimento do país, embora venha obtendo resultados significativos na melhora dos indicadores sociais, não foi capaz de entregar à população uma condição de vida que se assemelhe à dos países mais desenvolvidos. Entre 2005 e 2015, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) subiu de 0,64 para 0,74. Apesar disso, ocupa a modesta 90ª colocação nesse indicador.
Ricos e Pobres x Desenvolvidos e Subdesenvolvidos
A China é um sintoma do desafio que é fazer uma divisão dos mundos na atual conjuntura. O Brasil chegou a ocupar a posição de 6ª economia do mundo. No entanto, vive contrastes entre riqueza e pobreza muito mais expressivos que o gigante asiático. Em 2017, estudo realizado pelo economista francês Thomas Piketty mostrou que 30% da riqueza nacional está concentrada nas mãos do 1% mais rico da população.
Como definir se o Brasil é um país rico ou pobre, desenvolvido ou subdesenvolvido? Atualmente, é a 9ª economia do planeta, à frente do Canadá. Quando se trata de IDH, todavia, o Canadá aparece em 12º lugar, com um IDH de 0,926, enquanto o Brasil é 79º, com 0,759. São países que ocupam a mesma faixa quando o tema é riqueza nacional, mas muito distantes quando o tema é como as populações se beneficiam dessa riqueza.
Seria razoável dizer, talvez, que o Brasil é um país rico, porém subdesenvolvido, mas isso implicaria em especificar que critérios são aplicados para caracterizar um país como tal. Oficialmente, os critérios são o IDH, o grau de dependência econômica e tecnológica, os índices de pobreza e miséria, a desigualdade social, a balança comercial desfavorável e a dívida externa. O Brasil se sai bem em dois quesitos: balança comercial e dívida externa, que é menor que as reservas internacionais. Tem posição razoável em IDH e vai muito mal nos outros quesitos, o que o colocaria na condição de país intermediário.
Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e Reino Unido são as cinco maiores economias do mundo. Somente a Alemanha, no entanto, aparece entre os cinco maiores IDH do mundo, mesmo assim na quinta posição, atrás de Irlanda, Austrália, Suíça e Noruega, que não constam entre as dez maiores economias do planeta.
Pode-se aferir que riqueza e desenvolvimento são indicadores diferentes. Um ouro indicador importante é a participação das categorias de atividade econômica. Países em que há predominância na formação do PIB do setor terciário (serviços), com grande presença do setor secundário (indústria) e pequena participação dos setores primários (agropecuária, pesca e extrativismo) são considerados desenvolvidos. Aqueles em que a atividade predominante é a do setor primário são as nações mais pobres e, geralmente, subdesenvolvidas.
Concluindo
Dessa forma, pode-se concluir que países com predominância do setor primário na economia, baixo IDH e com posição ruim no ranking econômico podem ser consideradas pobres e subdesenvolvidas. Elas são predominantes na África, Caribe e Ásia Central. No outro extremo, são ricas e desenvolvidas as que apresentam condições opostas.
Entre esses extremos estão inúmeros países, como é o caso do Brasil, que não encontrou ainda o caminho para socializar a riqueza e acelerar o desenvolvimento.