Desde o descobrimento das Ilhas Canárias por Portugal, no século XIV, o continente africano não teve mais paz. No século XV, a África passou a ter seus habitantes explorados: foi o início da prisão de africanos para servirem como escravos na Europa e em suas colônias. Apenas quando os países responsáveis pelo tráfico de escravos decidiram abolir a prática e libertar aqueles que se encontravam nessa condição, o continente africano passou a ser visto com outros olhos: o de povoamento e exploração de recursos, principalmente em busca de ouro.
Diversos países europeus, os Estados Unidos da América e a Rússia, se interessaram pela exploração do território, impulsionados pela Revolução Industrial que ganhava cada vez mais força pelo mundo. A busca por mão de obra barata, matérias-primas para abastecer suas prósperas economias e locais para exploração e investimento do capital excedente geraram um interesse crescente na África. Assim, Reino Unido, Bélgica, Estados Unidos, Itália, Alemanha, França, Holanda, Portugal, Espanha e Rússia iniciaram a corrida imperialista pela dominação da África.
A Conferência de Berlim
Em novembro de 1884, o Chanceler alemão Otto von Bismarck organizou em Berlim uma conferência que tinha como objetivo organizar a ocupação e partilha da África entre os países interessados. Quatro acontecimentos principais levaram à sua convocação:
• Disputa pela região do Congo. O Rei Leopoldo II, da Bélgica, afirmava que tinha a intenção de estabelecer colônias, a fim de ajudar os povos que ali viviam. No entanto, sua verdadeira intenção, como ficou provado mais tarde, era estabelecer ali um império e aumentar seu poderio. Decidiu-se, por fim, pela criação do Estado Livre do Congo, com controle belga.
• Portugal desejava controlar uma faixa que ligava os territórios de Angola e Moçambique, que também eram de interesse de outras nações. O país ganhou esse direito, mas, anos mais tarde, os ingleses negaram o projeto e ameaçaram entrar em guerra com Portugal, caso não houvesse sua suspensão. Temendo uma guerra, Portugal aceitou o ultimato inglês.
• Expansionismo francês.
• Impulsionada por interesses comerciais, a Inglaterra queria transformar os rios Congo e Níger numa área de livre navegação, o que ocorreu.
Além das medidas citadas acima, ficou acordado entre os países participantes o princípio do hinterland, ou seja, a nação que primeiro alcançasse o litoral de cada região africana, obteria o direito de controlar seu interior, desde que sua presença estivesse consolidada.
Em fevereiro do ano seguinte, a Conferência chegou ao fim e deu uma grande impulsionada na partilha da África. No entanto, não foi ela que decidiu o destino de todas as regiões. Conforme as ocupações se desenrolavam, os próprios países começaram a desenvolver acordos bilaterais. Alguns merecem destaque:
• Tratados Anglo-alemães: definiam as áreas que pertenciam à Inglaterra e à Alemanha, pôs fim ao monopólio inglês na África Oriental, concedeu a região do alto Nilo aos ingleses.
• Tratado Anglo-português: reconhecia o pertencimento português da Angola e de Moçambique e cancelava o projeto de ligar essas duas regiões.
• Convenção Anglo-francesa: definiu a dominação do Egito
• Tratado de Vereeniging: pôs fim às Guerras dos Boers contra Inglaterra de um lado e Holanda, França e Alemanha do outro. O resultado foi o domínio total da África do Sul pelos ingleses.
Partilha da África
A partilha da África foi um dos momentos mais cruéis da história. Milhares de africanos foram dizimados, presos e submetidos às nações europeias. As definições de fronteiras não respeitaram as diferenças étnicas e culturais dos povos e muitas línguas e dialetos tribais foram perdidos ao longo do tempo.
Após a partilha da África e os acordos bilaterais, o território se viu dividido da seguinte forma:
• Bélgica: Congo, Ruanda e Burundi.
• França: Djibouti, Comores, Argélia, Mauritânia, Mali, Gabão, República do Congo, República Centro-Africana, Chade, Costa do Marfim, Burkina Faso, Níger, Benim, Madagáscar, Senegal, Togo, Camarões, Guiné, Tunísia e Marrocos.
• Portugal: São Tomé e Príncipe, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Angola.
• Itália: Líbia, Eritreia e Somália Italiana.
• Alemanha: Togo, Camarões, Tanzânia, Ruanda, Burundi e Namíbia.
• Espanha: Guiné Equatorial, Saara Espanhol e norte do atual Marrocos.
• Inglaterra: África do Sul, Egito, Sudão, Gana, Nigéria, Somália, Serra Leoa, Tanzânia, Uganda, Quênia, Malawi, Zâmbia, Gâmbia, Lesoto, Maurícia, Suazilândia, Seychelles e Zimbabué.
A Libéria e a Etiópia são os únicos países que não foram colônia nesse período.
Descolonização
O processo de descolonização da África se iniciou cerca de uma década após a Segunda Guerra Mundial. Os países europeus estavam destruídos e enfraquecidos em todos os sentidos. Além disso, haviam lutado contra o exército alemão alegando o direito à liberdade, ao mesmo tempo em que controlavam os territórios destinados a eles na partilha da África. Soma-se a isso o fato de que os próprios povos africanos estavam cada vez mais cansados da dominação estrangeira.
Os países que não possuíam grandes riquezas a serem exploradas conseguiram sua independência pacificamente. Já nos outros, houve resistência por parte dos colonizadores e estabeleceram-se diversos conflitos ao longo do século.
This post was last modified on 30 de março de 2015 10:00
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