Primeira Guerra Mundial: Fases da Guerra e Vitória da Entente
A Primeira Guerra Mundial teve início em 1914, pondo fim ao período que ficou conhecido como Belle Époque na Europa, estopim e palco do conflito.
A Belle Époque é o período que tem início em 1871, sob a influência dos ideais iluministas, da Revolução Industrial e das ideias proclamadas pelo Liberalismo Econômico, responsáveis por criar o cenário político e econômico daquele período.
Os principais traços da Belle Époque são a expansão do modo de produção industrial, o aumento substancial da população urbana, a consolidação da burguesia como classe dominante no cenário político e econômico, a ausência de guerras entre as potências europeias, a independência das colônias americanas e a expansão do imperialismo europeu nos continentes africano e asiático.
Razões do conflito
Esse período de paz criou, contraditoriamente, as bases para a eclosão do conflito europeu. A expansão econômica deflagrou uma disputa por mercados entre as potências europeias. A disputa por colônias envolvia, ainda, o Japão, que, assim como Alemanha e Itália, não estava satisfeito com suas possessões coloniais.
Além da disputa por mercados e possessões, o final do século XIX e início do século XX foi marcado pela exacerbação dos sentimentos nacionalistas, que foram utilizados pelos governos para alimentar os conflitos internacionais.
Sem contar que os grandes impérios, como o Russo e o Austro-Húngaro, enfrentavam insatisfação de grupos que ansiavam pela autonomia política. Na outra mão, países como a Itália e a Sérvia almejavam ampliar seus territórios.
O Império Otomano, por sua vez, se via ameaçado por Rússia e Inglaterra, que alimentavam interesses relacionados ao seu território e possessões. No caso da Inglaterra, a Coroa Inglesa desejava pôr fim ao domínio turco no Oriente Médio, pensando em se apossar da exploração de petróleo na região. O Império Otomano recebeu apoio da Alemanha, alimentando seu cardápio de inimigos, que já tinha a França.
Tríplice Aliança e Tríplice Entente
Dentro desse jogo de interesses e aspirações, formaram-se dois blocos políticos e militares.
A Tríplice Aliança foi formada pela Alemanha, a Itália e o Império Austro-Húngaro.
A Tríplice Entente foi formada pela Grã-Bretanha, pela França e pela Rússia.
A formação dessas alianças é um traço do período que ficou conhecido como Paz Armada, marcada pela corrida armamentista e por provocações vindas do bloco comandado pela Alemanha.
O estopim do conflito
Em 28 de junho de 1914, o arquiduque austro-húngaro, Francisco Fernando de Habsburgo foi assassinado na Bósnia por um jovem bósnio partidário da união com a Sérvia. A Áustria-Hungria reage fazendo uma série de exigências à Sérvia, que as rejeitou, levando à declaração de guerra feita pelos austro-húngaros no dia 28 de julho.
Esse movimento põe a Rússia em prontidão, acarretando a entrada da Alemanha no conflito, por meio da declaração de guerra à Rússia. Não satisfeitos, os alemães declararam guerra à França, abrindo caminho para o conflito generalizado entre as duas alianças militares.
A invasão da Bélgica pelos alemães provocou a reação da Grã-Bretanha, que declarou guerra aos alemães. Tudo isso aconteceu em menos de dois meses. O fato inusitado é que a Itália, motivada por promessas dos governos da Tríplice Entente, entrou na guerra contra seus aliados da Tríplice Aliança.
A iniciativa da Alemanha em agredir a Bélgica acabou por fomentar uma gigantesca aliança, que rompeu as barreiras do continente europeu, envolvendo Estados Unidos e Japão no conflito.
Os movimentos provocados pela Alemanha e pela Áustria-Hungria caracterizaram a fase da guerra que ficou caracterizada como “Guerra de movimento”, que teve lugar durante o segundo semestre de 1914.
Guerra de trincheiras
O que se seguiu foi o período conhecido como “Guerra de trincheiras”, em que os exércitos fixaram posições e estruturaram complexos sistemas de defesa tendo como base a criação de trincheiras. A Alemanha ocupa a Bélgica e o norte da França, como alavancagem para a parte inicial de seu plano expansionista na frente ocidental, mas o modelo de combate adotado fez com que as forças militares de ambos os lados ficassem estacionadas.
Mesmo assim, nesse período, os exércitos alemães sofreram milhões de baixas nas duas frentes, ocidental e oriental, assim como os russos, que tiveram que recuar diante das tropas alemãs e austro-húngaras.
Fase final
Sem conseguir avançar na frente ocidental, os alemães foram derrotados em suas colônias na África e no Pacífico. Em 1917, os britânicos apoiaram um levante das tribos árabes contra o Império Otomano. Em contrapartida, os submarinos alemães passaram a torpedear embarcações comerciais no Atlântico, que levavam suprimentos dos Estados Unidos para a Inglaterra. Com isso, os estadunidenses também entraram na guerra, inicialmente com o envolvimento de sua marinha de guerra, que equilibrou o conflito no mar.
Ainda em 1917, eclodiu a Revolução Socialista na Rússia, com a deposição do Czar, enquanto as tropas russas, desmobilizadas, praticamente se ausentaram do conflito. Em março de 2018, a Rússia assinou tratado com a Alemanha, se retirando do conflito. Antes disso, no entanto, as tropas estadunidenses haviam desembarcado na Europa, aumentando a pressão sobre os alemães, que começaram a perder posição.
Em setembro daquele ano, a Bulgária, aliada da Alemanha, capitulou, seguida da Turquia. Em seguida, a Áustria-Hungria se desintegrou e também capitulou, deixando os alemães isolados e enfraquecidos. Ao mesmo tempo, a Alemanha foi palco de uma revolução republicana, que pôs fim ao governo de Guilherme II. Em consequência, a Alemanha assinou a paz com os aliados.
Os aliados impuseram severas condições aos alemães, que perderam colônias e territórios na Europa, além de sofrerem sérias restrições militares.
A Primeira Guerra Mundial levou à morte de 11 milhões de pessoas, sendo 8 milhões de combatentes. Ruíram os impérios Austro-Húngaro, Russo, Alemão e Otomano. As imposições feitas à Alemanha e o não cumprimento do acordo feito com a Itália lançariam as bases da Segunda Guerra Mundial.