Resumo do Renascimento Comercial e Urbano
O renascimento comercial e urbano teve seu início na Europa, no chamado período da Baixa Idade Média (uma das subdivisões da Idade Média) e foi consequência direta das Cruzadas. Naquela época, Gênova e Veneza eram as principais cidades portuárias e foram elas que impulsionaram as atividades comerciais na Europa. Por terem o controle sobre o Mediterrâneo, eram as responsáveis pelo fornecimento de especiarias vindas do Oriente.
Esse processo teve um resultado tão bom que alavancou, juntamente com a produção agrícola, o desenvolvimento e o crescimento das feiras-livres. O grande fluxo que esse comércio proporcionava, facilitou o surgimento e a estruturação de novas rotas que ligavam as cidades aos pontos de comércio. Cidades estas, que cresciam e se desenvolviam economicamente.
Para explicar melhor esse período, será feito um resumo do renascimento comercial e urbano.
A Baixa Idade Média
Período que vai do século XIII ao XV. A título de esclarecimento, serão descritos, através do resumo do renascimento comercial e urbano, os principais acontecimentos dessa subdivisão da Idade Média. A fase é marcada principalmente pela transição das principais características da Idade Média, dentre elas o feudalismo. Em outras palavras, o sistema feudal estava entrando em crise em função das diversas mudanças econômicas, religiosas, políticas e culturais.
Durante praticamente todo o século XIII, houve avanços tecnológicos na área da agricultura. A implementação da charrua (um tipo de arado mais sofisticado do que o comum), o desenvolvimento do moinho hidráulico e a utilização da atrelagem de bois e cavalos representaram uma evolução agrícola bastante significativa.
Foi neste contexto que se criou uma nova camada social: a burguesia. Destinados ao comércio, os burgueses começam a conquistar a sua autonomia devido à intensa movimentação comercial que se instaurava com os camponeses, com isso, dinamizaram a economia da época.
No entanto, a nova camada social que havia surgido necessitava de segurança, então construíram fortalezas protegidas por muros com papel militar estratégico, os chamados burgos. Com o passar do tempo, essas habitações deram origem a várias cidades. Toda essa movimentação mexeu com os ânimos das pessoas e, em função disso, ocorreram alguns fatos históricos importantes:
• 1054: as Igrejas do Oriente e do Ocidente começam a implicar uma com a outra;
• 1095: com o objetivo de libertar a Terra Santa, o papa Urbano II convoca a Primeira Cruzada;
• 1231: é instituída, pelo papa Gregório IX, a Inquisição;
• 1337: dá-se início a Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra;
• 1492: liderados por Cristóvão Colombo, os espanhóis chegam à América.
Paralelo a isso tudo, os burgos ficaram super-populosos devido aos muitos camponeses que abandonaram o trabalho rural e seguiram para ali. Essa migração exigiu algumas transformações nas estruturas habitacionais para atender a demanda. A intensa vinda de pessoas aumentava também a procura por utensílios domésticos, itens de vestuário e equipamentos para o trabalho e para a guerra. Esse processo impulsionou o desenvolvimento da manufatura.
Como consequência do desenvolvimento comercial e urbano, teve-se o enriquecimento dos burgueses. Fato, esse, que provocou dois conflitos característicos. O confronto com os senhores feudais, que contribuiu para o fim do feudalismo e a questão da usura. Na sequência, vão ser explicadas as principais características desses fatos tendo como base o resumo do renascimento comercial e urbano.
A crise do feudalismo e os juros abusivos
Pode-se dizer que a crise no feudalismo começou a partir do século XII e se deve a uma série de transformações que possibilitaram o surgimento de novas maneiras de se pensar, agir e relacionar. Dentre elas estão:
• Uma nova forma de fazer comércio que foi incentivada, principalmente pelas Cruzadas;
• O crescimento significativo da circulação das moedas, especialmente nas cidades. Como o principal fator comercial era a troca de mercadorias, este fator desarticulou o sistema vigente;
• Atraídos pelas oportunidades de trabalho nos centros urbanos, muito escravos conseguiram comprar a sua liberdade ou fugir e migraram para a cidade. Esse fator provocou o êxodo rural e o desenvolvimento dos centros urbanos;
• As Cruzadas fizeram com que o contrato da Europa com o Oriente fosse restabelecido, quebrando, assim, o isolamento do sistema feudal;
• Com o surgimento da burguesia, que tinha o domínio do comércio, o poder dos senhores feudais foi sendo reduzido;
• Em função do aumento dos impostos, por causa do desenvolvimento comercial, os reis desarticularam a vassalagem (sistema típico do feudalismo) e passaram a contratar exércitos profissionais;
• Devido ao enfraquecimento e a desarticulação do feudalismo, no final do século XV, os senhores feudais perderam poder econômico e político. A partir daí, dava-se inicio ao capitalismo, um novo sistema econômico.
Durante a Baixa Idade Média, a burguesia tentava enriquecer ao ampliar o lucro ligado a sua atividade econômica. Dessa forma, para finalizar o resumo do renascimento comercial e urbano, serão feitas considerações sobre a usura.
Naquela época, os comerciantes tinham como base para os negócios, os valores cristãos. Sob essa influência, tentava-se combater a aquisição de lucros abusivos com o chamado “justo preço”. Ou seja, a soma da matéria-prima e da mão de obra como forma de se obter a mercadoria.
Juntamente com os valores morais e religiosos do justo preço, percebe-se que a Igreja teve a sua parcela de interferência no desenvolvimento dessas atividades financeiras. Na maioria das vezes, burgueses e artesãos pegavam dinheiro emprestado para dar conta de suas demandas produtivas.
Em alguns casos, quem emprestava recebia uma bonificação extra. Em outras palavras, era o pagamento de juros proporcionais ao valor e ao tempo de empréstimo. Esse costume foi chamado de usura. No entanto, visto aos olhos da Igreja, era uma atividade desonesta, já que o credor obtinha esse “bônus” sem trabalhar e o seu lucro aumentava com o passar do tempo.
De acordo com os preceitos religiosos, o tempo não poderia ser “comprado” e nem ter finalidades particulares. Só quem poderia fazer isso era Deus. Logo, os princípios religiosos e morais ditados pela Igreja limitava o desenvolvimento do comercio.