Sentido das Conjunções
O que é conjunção?
Segundo o gramático Rocha Lima, as conjunções são palavras que ligam elementos da mesma natureza, como por exemplo substantivo + substantivo, oração + oração ou ainda de natureza diversa. Dão uma direção argumentativa ao texto:
Era bonita eambiciosa
Era bonita, masambiciosa
Na primeira oração, a conjunção ‘e’ apenas acrescenta uma qualidade. Já na segunda oração, os adjetivos ‘bonita’ e ‘ambiciosa’ são colocados em oposição, como se a segunda qualidade fosse negativa e a primeira, positiva.
As conjunções estão classificadas em coordenativas e subordinativas; as primeiras ligam oração não dependentes, sintaticamente equivalentes; as segundas ligam orações que se subordinam hierarquicamente, ou seja, unem uma principal a seus desdobramentos (as subordinadas). As conjunções serão retomadas no estudo do período composto (sintaxe).
Conjunções coordenativas
Aditivas – expressam soma, adição: e, nem, não só, mas também.
Exemplo: Saio feliz evolto cansada.
O rapaz não fica nem sai.
Adversativas – expressam contraste ou oposição de pensamento: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto.
Exemplo: Estarei em casa, contudo estarei ocupada.
Alternativas – expressam exclusão ou alternância de pensamentos: ou, ou, ou…, ora, ora, ora…, quer…quer, seja…seja.
Exemplo: Oraestá alegre, ora está triste.
Conclusivas – expressam conclusão de pensamento: portanto, logo, por isso, por consequência, pois (após o verbo), assim.
Exemplo: Ela é muito nova, portanto está proibida de sair.
Explicativas – expressam razão, motivo: porque, que, pois (antes do verbo).
Exemplo: Não brinque com isso, porque será fatal.
Comam bastante, que comer faz crescer.
Conjunções subordinativas
Integrantes – servem para introduzir orações subordinadas cuja função seja substantiva: que, se.
Exemplo: Ela me disse que voltaria amanhã.
Não sei se devo fazer o exame.
Causais – introduzem orações subordinadas que exprimem causa: porque, que, pois, visto que, já que, uma vez que, como (sempre em início da oração).
Exemplo: Comoestava cansada, preferiu dormir.
Não falei nada porque ela gritou.
Comparativas – introduzem orações subordinadas que exprimem uma ideia de comparação: que ou do que (após mais, menos, maior, menor, melhor, pior).
Exemplo: João teimou como um burro.
Concessivas – introduzem orações subordinadas que exprimem fato contrário ao que se encontra na oração principal, ainda que não suficiente para anulá-lo: embora, ainda que, mesmo que, se bem que, posto que, por mais que, por menor que, por maior que, por pior que, por melhor que, por pouco que.
Exemplo: Vou viajar em abril, mesmo que não tenha dinheiro.
Condicionais – introduzem orações subordinadas que exprimem condição, hipótese ou suposição para que o fato anunciado da principal seja realizado: se, caso, contanto, que, salvo se, desde que, a menos que, a não ser que.
Exemplo: Se mamãe vier, viajo.
Desde que comesse, eu cozinharia.
Conformativas – introduzem orações subordinadas que, em relação à principal, exprimem ideia de concordância, conformidades: conforme, consoantes, segundo.
Exemplo: Conforme disse, espero esta vaga.
Consecutivas – introduzem orações subordinadas que expressam consequências, efeitos do que é enunciado na oração dita como principal: que (depois dos reforçativos tão, tanto, tamanho, tal), de sorte que, de modo que, de maneira que, de forma que.
Exemplo: Foi tamanha a emoção, que desatou a rir.
Ela falou tanto, que perdeu a voz.
Temporais – introduzem orações subordinadas que expressam a ideia de tempo: quando, logo que, depois que, antes que, sempre que, desde que, até que, assim que, enquanto, mal.
Exemplo: A luz apagou, mal o filme começara.
Enlouquecemos de tristeza, assim que soubemos da tragédia.
Finais – introduzem orações subordinadas que indicam uma finalidade: para que, a fim de que.
Exemplo: Estudamos bastante a fim de que passássemos no vestibular.
Proporcionais – introduzem orações subordinadas que revelam simultaneidade: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais, quanto menos, quanto menor, quanto maior, quanto melhor, quanto pior.
Exemplo: Quanto mais preciso de dinheiro, menos ganho.
À medida que economizava, sentia mais prazer.
Coesão e coerência
A conjunção é um importante elemento de ligação, pois relaciona palavras, expressões e orações. Ademais, dá uma direção argumentativa ao texto, transmite ideias, possui um valor semântico. É preciso, pois, ter cuidado com sua colocação para que não haja um erro de coerência. Por exemplo:
O governo fez grandes investimentos na saúde, embora haja muitos hospitais em situação alarmante.
O período possui coesão, mas não possui coerência; a conjunção subordinativa adverbial ‘embora’ estabelece uma ressalva, uma quebra de expectativa, uma oposição que não existe; o fato de fazer grandes investimentos pressupõe que haja muitos hospitais em estado alarmante; sem grandes alterações, o mais adequado é utilizar uma conjunção conclusiva, para que a frase se torne coerente:
O governo fez grandes investimentos na saúde, logo há muitos hospitais em situação alarmante.
Polissemia das conjunções
Grande parte das conjunções podem assumir vários valores semânticos, veja alguns exemplos:
Mas
Terá o descanso, mas apenas uma semana. (restrição)
Entrou numa faculdade particular, mas arrependeu-se e fez cursinho novamente. (retificação)
Estava nervoso, mas dissimulava com sorrisos forçados. (atenuação)
E
Estudou muito e não foi bem na prova. (oposição)
Estudou muito e entrou na USP. (consequência)
Era mulher, e muito melhor. (explicação enfática)
Como
Escrevia como poeta. (comparação)
Como era estudante, não pôde assumir o cargo. (causa)
Jogou como o técnico orientou. (conformidade)
Se
Se não foi um insulto a todos, ainda sim revoltou a todos. (concessão)
Se não sair, eu paro o trabalho. (condição)